Kali, um Cão de Guerra – O meu fiel amigo em Angola

14,00

Autor: Vítor Fernandes

Ano: 2024

Edição: Notag

Páginas: 166

 

“Quase os ouvíamos a respirar e a murmurar uns com os outros. Eles sabiam que estávamos naquele local,
mas desconheciam se emboscados ou a dormir.
Eram pacientes e esperavam que o cansaço tomasse conta de nós para, durante o sono, nos atacarem com tudo. Adormeci devido à fadiga e possivelmente aconteceu
o mesmo a outros, porque o silêncio era total
e não podíamos comunicar entre nós a não ser por sinais, quando o luar permitia ver um ou outro ali agachado.
Os dias começavam a pesar no corpo e na cabeça!

Acordo atordoado pelo pouco tempo que fechei os olhos e vejo o cão em pé. Não sei há quanto tempo estava
naquela posição, mas era a que usava para atacar alguém, olhando para mim e a mostrar os dentes.
– Foda-se! Ficou doido e quer atacar-me?
Sinto um bafo no meu pescoço e, quando me volto, vejo uns olhos muito brilhantes de um guerrilheiro também espantado por ter esbarrado nas minhas costas.
Assustei-me tanto quanto ele. Eu tinha a AR10 na frente, mas sem espaço para a apontar ao gajo, de tão próximo que estava e agacho-me quando o cão salta por cima do meu ombro e o agarra pelo pescoço, atirando-o ao chão. De imediato aparece o Rosa com a sua faca de mato para o ajudar, não fosse o IN estar munido de alguma catana e ferisse o animal. Até ali correu bem: eliminámos mais um, mas era o começo de uma longa noite.“

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