Poesia Neorrealista de um Imigrante Português
€15,00
Autor: Carlos Barroso
Ano: 2023
Edição: Notag
Páginas: 96
(Intrusão no meu cérebro…)
Quando tinha 17 anos e a televisão ainda era a preto e branco (estou talvez hoje um pouco pessimista, por isso digo a “preto e branco” e não a branco e preto…) paradoxalmente eu via a vida a cores, embora tendo poucos meios financeiros e materiais para sobreviver. Depois, a idade avançando e com ela o progresso.
Tudo mais rápido:
carros, comboios, aviões, etc., etc. Veio a televisão a cores e eu vi desfilar a vida em tons mais coloridos, até com laivos cor-de-rosa. Os anos passaram.
O cor-de-rosa tornou-se violeta e raramente o colorido da televisão foi o colorido da minha existência. Raramente o arco-íris celeste me bafejou, depois da chuva! Restavam-me as cores da televisão para – por reflexo e imaginação – colorir as minhas pupilas.
E eu… cada vez menos performante.
Os écrans de televisão tornaram-se maiores… mais performantes. Talvez para substituir a minha visão, a falta de cor… Com o avanço da idade (e talvez algumas desilusões por parte da sociedade), só as cores televisivas foram preenchendo os meus serões.
E por isso sou levado a constatar que existe um paralelismo entre o avançar na idade e a televisão.
A televisão mais performante… a melhorar a cada dia, a cada ano… E menos eu vejo, menos eu compreendo as tecnologias televisivas. Mais caro eu pago a televisão… e até os óculos, para poder ver, para poder compreender a vida, as cores da televisão. Mas no avanço inelutável da idade… na solidão… mesmo ouvindo pouco…nada (ou quase nada)… que bom que é, só em casa… O BARULHO DA TELEVISÃO.
Carlos Barroso (poeta47)